Após dois anos do lançamento de seu primeiro filme, o ouriço azul favorito da cultura pop retorna às telonas com sua nova produção, intitulada Sonic 2: O Filme. Dirigida por Jeff Fowler e roteirizada por John Whittington, Josh Miller e Pat Casey, a sequência do grande sucesso da Paramount é marcada por repetir a fórmula de sucesso do seu antecessor, mas trazendo algo "maior e melhor", nos quesitos comédia, ação e aventura.
No elenco de narração estão Ben Schwartz, Idris Elba e Collen O’Shanussy, e traz o retorno dos atores Jim Carrey, James Marsden, Tika Sumpter e Natasha Rothwell. A dublagem brasileira conta com os nomes de Manolo Rey, Vii Zedek, Ronaldo Júlio, Tatá Guarnieri e Raphael Rossatto. Vale ressaltar que em minha crítica as avaliações de atuação são das dublagens, devido à cabine de imprensa do longa ter sido em uma sessão dublada.
A narrativa segue o nosso ouriço com sua família em Seattle. O Sonic gosta sempre de brincar de super-herói, mas, no fim, ele acaba ajudando um pouquinho mais do que atrapalha. Contudo, mesmo com seus pais ficando preocupados, nosso ouriço ainda continua fazendo o bem.
Tudo começa quando seus pais vão viajar para o casamento da irmã de Maddie no Hawaii e ele fica sozinho com o cachorro em casa. Mas a vida de diversão acaba falhando quando chega Knuckles e, com ele, retorna o todo-poderoso e mais temido: Robotnik.
Mesmo que seja um filme voltado para o público infantil, Sonic 2 não deveria se esquecer dos fãs de longa data do personagem, ou seja, os adultos (sendo, inclusive, pais dessas crianças). Isso significa um roteiro que seja mais inclusivo para todas as faixas etárias. Mas mesmo não sendo perfeito, ele acerta em duas coisas: menos cenas com personagens humanos - com exceção de Robotnik - e foco nos três personagens digitais, Sonic, Tails e Knukles.
Mesmo o argumento geral segue uma história formulaica que já se viu milhares de vezes, mas verdade seja dita, ninguém espera assistir a um filme sobre as aventuras de Sonic e receber uma narrativa complexa, com temas profundos e personagens incrivelmente exploradas. E a história se apoia nisso, com muitas piadas, cenas de ação e aventura. Os dois últimos aspectos inclusive, são bem maiores que seu antecessor e por destacar os personagens digitais, o longa consegue adaptar muito bem batalhas dignas de videogame.
Como já citado, mesmo que os personagens humanos seja o ponto fraco, eles são "deixados de lado" por boa parte da narrativa de forma proposital. Mesmo que nos momentos que eles aparecem - num casamento, que certamente é a parte mais fraca do longa - o terceiro ato reserva desenvolvimentos de arrepiar qualquer espetador minimamente fã do personagem-título.
Por falar no trio, cada um consegue, a seu modo, se destacar. Suas personalidades são muito parecidas com a dos games, claro, de forma adaptada para esse trama live-action. E falando em melhores coisas do filme, Jim Carrey rouba a cena mais uma vez, é maravilhoso ver o ator se divertindo em um papel com leveza e muito humor, ainda com um desafio a mais na produção ao trabalhar praticamente só com criaturas animadas. Ele merece um parágrafo inteiro somente com elogios.
Outra parte importante sobre sua narrativa é a forma na qual o roteiro consegue equilibrar uma história divertida adicionando elementos da mitologia do Sonic dos games. Diferentemente de outras obras de universo compartilhado, não existe pressa e parece tudo muito natural. Causando aos fãs um sentimento que esse rico universo ainda tem muito o que ser explorado nos próximos filmes e séries (vale destacar que Knukles terá uma série solo).
Para um filme que é basicamente o encontro de personagens humanos reais com personagens criados por computador, os efeitos oscilam entre querer demonstrar realismo e querer se desvencilhar dessa obrigação, mas que em resumo, é um trabalho feito com muito esmero. Não é perfeito, mas as poucas falhas, não nos tiram da imersão.
Dito isso, os problemas se limitam aí, já que o mais importante em filmes como Sonic nem são tanto questões técnicas, embora o roteiro não possa nunca ofender o seu espetador e deva ter ao menos coesão quanto ao objetivo e os personagens, mas sim divertir sem pretensão, o que é cinematograficamente possível, sobretudo numa obra voltada para o público infantil.
Em resumo, Sonic 2 é um filme divertido, refinado e uma grata surpresa para fãs dos games. É maravilhoso ver o universo se expandindo e mais personagens entrando na franquia de maneira tão significativa. Se cortassem cenas como a do casamento, o longa seria mais condensado. Mesmo assim não perde o seu encanto. Talvez esse segundo filme faça ainda mais sucesso, já que ele flerta com dois públicos-alvo: fãs do game e crianças. Ou seja, é um entretenimento para a família toda.
PS: Existe uma cena pós-créditos que todo fã de Sonic irá surtar.
Resultado de uma experiência alquímica que envolvia gibis, discos e um projetor de filmes valvulado. Jornalista do Norte que invadiu o Sudeste para fazer e escrever filmes.