CRÍTICA | Adão Negro não arrisca e apresenta uma grande ameaça ao Universo DC nos cinemas

Longa tentou evitar ousar e trouxe uma boa, mas repetida, história de anti-herói.
By CAJR
19/10/2022

Em uma jornada de mais de uma década para sair do papel, Adão Negro (Black Adam, 2022) finalmente chega aos cinemas num momento crucial para a DC, para os cinemas de maneira em geral, e para a própria Warner Bros, que distribui o longa em todo o mundo. À frente do projeto, Adão Negro conta com a presença de um dos maiores astros de Hollywood para fazer o filme acontecer. E ele faz. Não é por menos, Dwayne Johnson, The Rock faz sua entrada na DC de forma grandiosa, em um longe cheio de ação, embora que pouco inspirado.

O anti-herói, vivido por Dwayne Johnson, tem suas características exploradas na produção. Desde o início, sua história é contada mostrando detalhes de tempos muito antigos em que sua lenda, perante grandes magos, foi iniciada há cinco mil anos. Ao decorrer do longa, novos personagens são apresentados e a Sociedade da Justiça se torna um elemento revelante para o longa.

Teth-Adam surge no Egito Antigo após a necessidade de um povo se revoltar contra um sistema de escravidão. Suas habilidades incluem um poder quase inabalável, em que ele emana energia através de raios, além de conseguir voar. Ao apresentar a figura, o roteiro de Adam Sztykiel e Rory Haines não conseguem fugir do óbvio, mas fazem um trabalho competente. Até tentam inovar com plot twists dentro de um filme sobre o bem e o mal, mas nada muito profundo.

Tal perspectiva se dá principalmente pela cronologia dos acontecimentos, apresentadas de forma dinâmica e a todo momento surpreendem o telespectador na tela. Os personagens secundários conquistam um espaço desejável, não tomam a frente do protagonista, mas exercem uma relação extremamente interessante.

Personagens

O Homem-Gavião de Aldis Jodge e o Senhor Destino de Pierce Brosnan ganham um destaque na história, por serem responsáveis por dois grandes momentos: a perseguição contra o Adão e depois a união com ele para derrotarem juntos um inimigo em comum que está ameaçando a liberdade da cidade. Dentro desse contexto, as boas atuações são unidas a personagens relativamente complexos e interessantes. Cyclone (Quintessa Swindell) com seus poderes esfumaçantes e Esmaga-Átomo (Noah Centineo, num ótimo timing cômico) são menos interessantes, mas bem explorados na ação. Vale ressaltar que Viola Davis - mesmo numa rápida participação - é a atriz perfeita para interpretar a Amanda Waller.

Ação, muita ação

Um dos pontos que mais chamam atenção na história são as diversas cenas de combate. Pode-se dizer que é um dos filmes menos parados da DC e isso conquista o público por ser prazeroso de acompanhar. As diversas brigas e conflitos tem explicações e mesmo com a quantidade exagerada, o longa consegue um equilíbrio, dentro de sua simples proposta.

Dentro das cenas, o personagem-título se destaca ao surpreender seu adversário e ainda consegue manter alguns momentos descontraídos, por ter uma personalidade típica de um anti-herói. Isso se explica pela figura ser voltada para suas próprias vinganças e ter vivido por muitos anos, logo ele está se adaptando aos novos contextos. Essa realidade é melhorada pela diversidades dos poderes da Sociedade da Justiça.

A Sociedade da Justiça, formado por Esmaga-Átomo, Maxine Hunkel, Homem-Gavião e o Senhor do Destino é um grupo pequeno, mas até por isso, são bem desenvolvidos. Pelo menos para quem vos escreve, a introdução da Sociedade é um dos pontos altos na história.

Conclusão

Pelo desenvolvimento da última cena e a grande surpresa na pós-crédito, espera-se que Adão ainda cause muita discórdia no universo da DC nos cinemas. Isso porque o personagem não conquistou totalmente uma redenção como herói e pode ser um grande problema nas futuras obras, causando novas tramas interessantes e empolgantes.

No fim, Adão Negro é formulaico, cheio de clichês e os responsáveis pela obra jogam no seguro. O que, não necessariamente, é ruim. Guardadas as devidas proporções, esse longa me lembrou Aquaman enquanto proposta e execução (além de jogar todas as fichas num protagonista muito carismático). Isso quer dizer que é um longa que possivelmente vai dividir a crítica e particularmente, achei mediano, mesmo sendo um fã de quadrinhos. Entretanto, tem todos os ingredientes para se tornar um sucesso de público.

Adão Negro estreia nesta quinta-feira (19) nos cinemas.

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CAJR - Carlos Alberto Jr

Resultado de uma experiência alquímica que envolvia gibis, discos e um projetor de filmes valvulado. Jornalista do Norte que invadiu o Sudeste para fazer e escrever filmes.
  • Animes:Cowboy Bepop, Afro Samurai e Yu Yu Hakusho
  • Filmes: 2001 – Uma Odisseia no Espaço, Stalker, Filhos da Esperança, Frank e Quase Famosos
  • Ouve: Os Mutantes, Rush, Sonic Youth, Kendrick Lamar, Arcade Fire e Gorillaz
  • Lê: Philip K. Dick, Octavia E. Butler, Ursula K. Le Guin e Tolkien
  • HQ: Superman como um todo, assim como as obras de Grant Morrison e da verdadeira mente criativa por quase tudo na Marvel: Jack Kirby